O HumanGuide como ferramenta de desenvolvimento da inteligência emocional.

 





O momento em que vivemos nos mostra o quanto a inteligência emocional é importante. Segundo  Mayer & Salovey (1997), a inteligência emocional envolve a capacidade de perceber acuradamente, de avaliar e de expressar emoções; a capacidade de perceber e/ou gerar sentimentos quando eles facilitam o pensamento; a capacidade de compreender a emoção e o conhecimento emocional; e a capacidade de controlar emoções para promover o crescimento emocional e intelectual.


Existem várias maneiras de medir esse constructo, dentre elas uma escala que mede o quociente emocional, desenvolvido na Multi-Health Systems - MHS (2021). Dentre  as oito dimensões que a compõem, destaco a autopercepção, constituída pela tríade abaixo:


1 - Autoconsciência emocional - Capacidade de ter consciência dos próprios sentimentos, compreendê-los e ter uma noção do impacto que provocam;


2 - Autoestima - Capacidade de aceitar seus pontos mais frágeis e os mais fortes;


3 - Autorrealização - Capacidade de lapidar a si mesmo e perseguir objetivos significativos.


Como o indivíduo pode melhorar sua inteligência emocional? Medir é uma das ferramentas mais importantes na geração de mudanças, e há vários estudos sobre a importância disso. Uma analogia com o  processo de medida de que gosto muito é a do espelho: pra que ele serve? Para nos aprimorar, por meio da autocrítica: ver se a roupa nos cai bem, se é adequada para um determinado evento, se as cores estão combinando, se o cabelo está devidamente arrumado, se o aspecto do nosso rosto está saudável, etc.


Com isso em mente, em algumas intervenções, fizemos o seguinte experimento: avaliamos o quociente emocional por meio da escala MHS, e aplicamos o HumanGuide (Welter, 2011). Importante ressaltar que o primeiro avalia como lidamos com as emoções, e o segundo, a motivação.  Ao avaliarmos a motivação, identificamos o que move o sujeito, quais são os seus recursos,  e o que é importante para  ele. Esses aspectos  têm um paralelo com tríade citada no início.


Entre as diferentes possibilidades oferecidas pelo HumanGuide, a mais significativa é o perfil pessoal, no qual são descritos os oito fatores motivacionais, em escala de prioridade e importância para o respondente. De forma profunda e direta,  faz com que o avaliado enxergue   muitos aspectos conhecidos por ele, e outros nem tanto, contribuindo para que ele desenvolva a consciência emocional.


O HumanGuide funciona como um espelho das nossas motivações, das nossas prioridades. Ao lermos o relatório, podemos sentir um incomodo natural com alguns  aspectos, muitas vezes difíceis de serem mudados. Entretanto,  aquilo que reconhecemos como problemático, pode nos trazer mais satisfação com o desenvolvimento pessoal. Muitas das características descritas no relatório do HumanGuide, geralmente,  já são conhecidas pelos respondentes, que costumam dizer que já se conheciam assim, mas em partes. 


Aproveitando a analogia do espelho, assim como quem vê o próprio reflexo já sabe quais  características irá enxergar, é possível que reconheça algo que pode ser melhorado ao ler o relatório HumanGuide. E aqui vai mais uma provocação:  Por que será que estamos mais habituados a olhar para o espelho físico, e menos para o espelho do nosso jeito de nos expressar, de ser? Talvez  porque não  exercitamos tanto o olhar pra nós mesmos, da maneira como nos olhamos no espelho.


E isso só pode ser construído quando temos  a coragem de habitualmente lidar com aquilo que nos incomoda, aquilo que vemos no espelho, e com o que precisamos lidar.  O relatório do HumanGuide pode desempenhar o papel de espelho, que, com alta acurácia, nos ajuda a compreender um pouco desse ser complexo que é o ser humano.


O HumanGuide nos ajuda a reconhecer e aceitar nossos pontos frágeis e mais fortes, fundamental para nos desenvolvermos.  Como encher um pote que já está cheio? Como evoluir sem reconhecer o que pode ser melhorado? É muito difícil, não é?  Quando observamos uma dificuldade de dar ou receber feedback o avaliado começa a aceitar seus pontos frágeis ,um dos principais passos para melhorar a autoestima. A partir deste reconhecimento vem a lapidação, que é uma grande ferramenta para a autorrealização. É a partir do incomodo que as mudanças começam a acontecer. 


Há um livro bem interessante, do autor Rubem Alves (2008), que faz a seguinte provocação: “Ostra feliz não faz pérola”. Segundo esse autor, a pérola só é produzida porque um grão de areia entra na concha, e para se proteger do intruso lança sobre ele uma madrepérola que se torna uma pérola. Na nossa vida também é assim: as grandes mudanças tem origem em grandes crises e incômodos. E a autorrealização só acontece quando as pessoas conseguem usufruir de alta percentagem da sua capacidade, e são reconhecidas por isso . 


Quando utilizamos o HumanGuide, há chances reais de que o avaliado consiga desenvolver sua inteligência emocional, por meio da autocrítica e do seu olhar para dentro de si. Desta forma, o resultado obtido na escala de quociente emocional melhora, pois ele está diretamente associado à compreensão de si, do que é forte e mais frágil, à direção que deve seguir de modo a usufruir de todo o seu potencial.


Um alerta se faz necessário: Toda ferramenta, quando usada com sabedoria, leva a resultados excelentes, mas é no hábito que aprimoramos esse uso. Tenho certeza que quem está lendo sabe usar muito bem o HumanGuide, mas lhes faço uma pergunta que já me fiz:  Conseguimos despertar nos nossos clientes  o desejo de se olharem nesse espelho mais vezes? 


Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.

Cora Coralina (2007).

Referências Alves, R. (2008), Ostra feliz não faz pérola. São Paulo: Planeta do Brasil. Coralina, C. (200). Trecho do poema Exaltação de Aninha (O Professor), in: Vintém de cobre: meias confissões de Aninha, 9. ed., São Paulo: Global. Mayer, J. D., & Salovey, P. (1997). Emotional Development and Emotional Intelligence: Implications for Educators. New York: Basic Books. Multi-Health System (2021) in https://mhs.com/. Acessado em 14/05/2021 Welter, G. M. R. (2011). HumanGuide - Perfil Pessoal Vol 1. 1st. ed. São Paulo: Vetor Editora Psicopedagógica.




Wanderley Cintra 
Psicologo Habilitado com mais de 1500 Perfis Pessoais HumanGuide


Comentários

  1. Wanderley I am especially glad that you pointed out the mirror as a good symbol for wisdom. This pointed also the Szondian and prof. Takahisa Yamashita some years ago, because it has a strong Japanese connection.

    (more info Sanshu no Jingi at Wikipedia, https://en.m.wikipedia.org/wiki/Imperial_Regalia_of_Japan)

    The three Imperial regalia of Japan that symbolize the royal status of the Emperor of Japan

    1. one of the Three Sacred Treasures in Japan, called the Grass-Mowing Sword
    2. a sacred mirror which is one of the three sacred treasures of the Japanese Imperial Court
    3. the crescent jewel of the three Sacred Treasures symbolizing the Japanese Imperial throne

    They represent the three primary virtues: valour (the sword), wisdom (the mirror), and benevolence (the jewel).

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