Porque a interpretação do HG é diferente dos outros testes de personalidade ?


Entenda o porquê!

O tipo de medida do teste interfere na maneira como ele deve ser interpretado. Por isso é importante conhecer as características da medida do teste que você está utilizando. Você sabe qual a diferença entre medidas normativas e ipsativas? As medidas normativas, que correspondem a questionários de múltipla escolha, escalas Likert ou provas nas quais há uma resposta correta, apresentam resultados com pontuação variada e com distribuição normal. Isso permite dizer, com base nas respostas e/ou acertos, se o resultado obtido está abaixo, dentro ou acima da média. A média, à qual nos referimos, foi obtida a partir de uma amostra estatística, sendo importante indicar sua composição para que saibamos qual o parâmetro utilizado. Geralmente, os testes normativos apresentam normas gerais, que consideram a amostra como um todo, e normas mais específicas, de acordo com o gênero, idade, grau de escolaridade, cargo etc. Para saber se o desempenho de uma pessoa numa determinada prova, ou teste, foi dentro da média, devemos consultar a tabela normativa de interesse. A interpretação do resultado deve necessariamente se basear nisso. E no caso de medidas ipsativas? Você sabe o que quer dizer ipsativo? As medidas ipsativas são obtidas por meio de questionários no formato de escolha forçada, como é o caso do HumanGuide, ou de inventários, nos quais deve-se colocar os itens numa ordem de preferência, como é o caso de inventário de valores. Nesses casos obtém-se um perfil, indicando o jogo de forças dos determinantes das escolhas, ou um ranking de preferências, ou valores. A pontuação geral é igual para todas as pessoas e não há uma distribuição normal do resultado obtido. A medida ipsativa expressa o jogo de forças na pessoa, indicando o que é mais e menos válido ou importante para ela. Não é possível, portanto, estabelecer uma norma, ou indicar se o escore ou a posição do ranking de uma determinada dimensão, ou item, está abaixo ou acima da média. É um tipo de medida ou de avaliação do desempenho de alguém realizada em comparação com outros desempenhos da mesma pessoa (e não com desempenhos de outras pessoas). Medidas desse tipo são realizadas em situações de pré e pós treino, pré e pós dieta, ou quando se analisa o resultado de testes no formato de escolha forçada ou que demandam o ranqueamento de vários itens, revelando o “jogo de forças” dentro da pessoa. Como interpretar esse tipo de resultado? Vamos tomar como exemplo a nossa constituição física. Todos os seres humanos são constituídos dos mesmos órgãos, mas isso não faz com que todos sejam iguais. Se considerarmos a estatura, somente, podemos estabelecer uma média, que deverá considerar gênero e idade como parâmetro, para que possamos dizer se uma determinada pessoa tem estatura abaixo ou acima da média para sua idade e gênero. Mas outras características aparecem junto com a estatura, como peso, proporção dos membros, cor da pele, dos olhos e do cabelo, formato do rosto etc. Isoladamente, cada característica pode ser normatizada, baseada numa população de referência. Mas, no conjunto, só podemos dizer que as pessoas diferem entre si em vários aspectos. Ao analisarmos o resultado obtido por meio de um teste ipsativo, como o HG, estaremos sempre diante de um perfil único. Pode ser que uma determinada característica, ou fator, se sobressaia no grupo avaliado - como seria o caso da cor branca entre os europeus. Mas isso não significa que essa característica deva ser interpretada como se a pessoa com essa característica fosse acima da média nesse aspecto, pois isso não é possível. Deve-se levar em consideração sua posição em relação ao escore dos demais fatores e interpretar o resultado por meio da integração de todos os escores, de todos os fatores. Tampouco é possível classificar em tipologia. Por exemplo, se uma pessoa apresentar elevação do escore do fator Qualidade (típico intenso) -o que é bastante frequente, e, simultaneamente, rebaixamento do escore em Estrutura (atípico moderado, podemos afirmar que essa pessoa é perfeccionista e muito preocupada com a qualidade da sua entrega? Não! O que podemos inferir é que essa pessoa tem necessidade de fazer algo com qualidade, mas que nem sempre ela consegue fazer isso. Como assim? Ora, como essa pessoa não tem necessidade de se organizar, não costuma atentar para detalhes, não aprecia trabalhos que requerem precisão e tampouco respeita os prazos, isso pode comprometer a consecução da sua necessidade de fazer algo significativo. Bem que gostaria, mas não consegue, pois a motivação para realizar as atividades que irão contribuir para a qualidade da sua entrega está muito pouco presente. Quer outro exemplo? Uma pessoa que apresenta o fator Contatos atípico no HumanGuide, e, ao mesmo tempo, Sensibilidade típico pode ser considerada fria e avessa a contatos sociais? De forma alguma! Esse resultado apenas sugere que ela gosta de estar com pessoas para atender às próprias necessidades afetivas, ou quando sente que as outras pessoas estão precisando dela, ou não estão bem. Embora não tenha necessidade de se comunicar e de estar cercada de muitas pessoas, essa pessoa pode muito bem apreciar a proximidade dos outros e ser uma pessoa acolhedora, receptiva e disposta a ouvir. Ao analisarmos o perfil HG, não é correto considerar o escore dos fatores isoladamente. Não se pode comparar o escore obtido por uma pessoa em um determinado fator com o escore do mesmo fator de outra pessoa, como fazemos com o resultado de medidas normativas, como é o caso de provas de raciocínio ou de testes que avaliam determinadas características de personalidade, como ansiedade, Neurotiscismo, conscienciosidade, inteligência emocional, expectativa de autoeficácia etc. A interpretação do Perfil Pessoal HG deve ser psicodinâmica e considerar a integração das oito dimensões, o seu jogo de forças e de equilibração. Quando for analisar o resultado de um teste de personalidade, muito cuidado ao interpretar o resultado, pois você pode prejudicar o candidato, ou deixar passar um ótimo candidato, sem perceber. O que parece simples, não é trivial. 





Comentários

  1. Good point Giselle! And very pedagogic! More people should learn these differences...

    One more aspect... Some psychologists say that you can't user ipsative tests in assessing people in recruitment, because you can't say if person A has a higher value in e.g. Quality compared with B that A has more Quality than B. In this comparison it is true, but you can compare in another way. If you, when using e.g. HG, make a ranking between the eight factors in the theory, then you can compare the ranking for A with the ranking for B. Then in this way you can assess between A and B, who has the best personality match for the job.

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