TESTES DE PERSONALIDADE - QUAIS AS DIFERENÇAS?
Existem muitos testes de personalidade no mercado de RH, denominados testes comportamentais, como muitos provedores desses testes preferem chamá-los. Embora sejam muito populares, carecem de um referencial teórico sobre personalidade reconhecido pela comunidade científica.
Apesar da grande variedade de testes disponíveis, apenas poucos são comprovadamente válidos e precisos, aferidos e aprovados pelo Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos – SATEPSI. Não é meu objetivo, e tampouco papel, qualificar ou desqualificar os instrumentos disponíveis no mercado. Pretendo abordar três modelos teóricos distintos, que fundamentam os testes aprovados para uso profissional em uso no contexto corporativo: Cinco Grandes Fatores – CGF, Tipos Psicológicos (Jung) e Fatores de Necessidades Pulsionais (Szondi).
Os instrumentos no modelo CGF, popularmente conhecido como Big Five, como o Neo PI-R e o BFP, consideram cinco fatores da personalidade: Abertura, Conscienciosidade, Amabilidade, Extroversão e Neurotiscismo. Essa nomenclatura pode diferir nos testes, mas as características apreendidas são essencialmente as mesmas. A personalidade é descrita em termos estatísticos (percentil), indicando a posição do traço de personalidade, correspondente a um dos cinco fatores, entre os dois pontos extremos. Os traços de personalidade apreendidos são amplos e concebidos como dimensões contínuas, cujos extremos comportamentais encontram-se nas extremidades. Essa abordagem resulta num perfil de personalidade complexo e com muitos matizes, pois também são consideradas as facetas que compõem cada dimensão, ou fator. Esse modelo é muito utilizado em pesquisa, sendo amplamente reconhecido. Entretanto, embora resulte em um modelo teórico, não se trata de uma teoria psicodinâmica da personalidade, pois foi desenvolvido a partir de análises estatísticas, notadamente, da análise fatorial.
Os testes baseados nos Tipos Psicológicos de C. G. Jung, como o Quati e o MBTI, por sua vez, consideram duas atitudes básicas, ou direcionamento dos interesses (Introversão e Extroversão), além de quatro funções psíquicas (Sentimento, Pensamento, Intuição e Sensação). A predominância de duas funções psíquicas no modo de funcionar da pessoa caracteriza os 16 Tipos Psicológicos, concebidos a partir da combinação de uma função dominante e outra auxiliar. A função dominante constitui o principal recurso de que a pessoa dispõe para orientar-se e adaptar-se à realidade, correspondendo ao seu modo preferencial de agir e reagir. De um modo geral, os testes baseados nos Tipos Psicológicos indicam qual é a função dominante na pessoa ao apreender a realidade (Intuição ou Sensação) e qual é função dominante ao avaliar ou julgar a realidade (Pensamento ou Sentimento). Trata-se de um modelo psicodinâmico baseado no equilíbrio de opostos, entre duas funções polares, distribuídas em dois eixos: irracional (Intuição e Sensação) e racional (Pensamento e Sentimento). Nessa abordagem, a personalidade é organizada segundo categorias distintas, com a desvantagem de simplificar muito a riqueza de nuances da maneira como nos comportamos.
Tanto o modelo CGF como os Tipos Psicológicos indicam preferências e tendências comportamentais, determinadas por características de personalidade consistentes e estáveis no tempo. A maneira como a realidade é percebida, a atitude diante dela e os recursos internos utilizados para lidar com ela são, em grande parte, determinados por necessidades pulsionais, ou motivos psicológicos. Embora essas características sejam muito estáveis, estão sujeitas à influência da maturidade biológica, das interações sociais, de fatores socioeconômicos e culturais e das experiências da pessoa ao longo da vida.
Os testes baseados na estrutura de necessidades pulsionais, segundo Szondi, como o teste projetivo BBT-Teste de Fotos de Profissões e o teste online HumanGuide (HG), apreendem oito fatores de necessidades pulsionais, determinantes das escolhas do indivíduo. O perfil motivacional obtido por meio desses testes expressa o jogo de forças entre as oito necessidades na pessoa, indicando aquelas que predominam e influenciam a maneira como ela percebe a realidade e age sobre ela. É possível decompor os traços avaliados pelos testes nos modelos CGF e Tipos Psicológicos em fatores motivacionais que determinam os comportamentos descritos e as funções psíquicas identificadas, respectivamente. De certa maneira, os testes baseados na estrutura de necessidades pulsionais explicam o que está por trás de determinada tendência e preferência do indivíduo, com muito mais nuances. Descrevem não só como a pessoa se comporta, mas, também, porque ela se comporta de determinada maneira.
Tomemos como exemplo a necessidade de expansão, de criar e desenvolver coisas novas e de lidar com temas abstratos, que corresponde ao fator ‘Imaginação’ no HG. Nos testes no modelo CGF, essa necessidade é expressa por meio da dimensão ‘Abertura’. Nos testes baseados nos Tipos Psicológicos, essa necessidade corresponde à atitude ‘Introversão’ e à função psíquica ‘Intuição‘.
O fator ‘Estrutura’, por sua vez, que corresponde ao fator polar de ‘Imaginação’ no HG, corresponde ao modo de funcionar mais racional, cauteloso e controlado, que constitui um dos aspectos constitutivos da dimensão ‘Conscienciosidade’, nos testes no modelo CGF, e a função psíquica ‘Pensamento’, nos instrumentos baseados nos Tipos Psicológicos.
Outro fator de diferenciação do HG dos demais testes é o fato de não ser possível classificar o indivíduo ou enquadrá-lo em uma determinada tipologia. Também não é possível estabelecer o quanto a expressão de um determinado traço de personalidade se aproxima ou se afasta da normalidade, pois não existe uma norma que possa servir de parâmetro comparativo. Os perfis obtidos com o HG são únicos, singulares e estáveis no tempo, conforme verificado por meio da análise estatística do teste-reteste, com intervalo de tempo superior a um ano.
O HG também se diferencia quanto à exigência de comprovação da compreensão dos conceitos teóricos que fundamentam o teste, bem como de suas propriedades psicométricas, por parte do psicólogo que pretende utilizar esse instrumento. Essa exigência visa a garantir minimamente a capacidade de sustentar uma entrevista de feedback e discutir o resultado do teste com a pessoa avaliada. Além disso, como o relatório gerado é totalmente editável, permitindo sua personalização e adequação ao contexto da avaliação, é fundamental que o psicólogo conheça muito bem as dimensões avaliadas para que possa interpretá-los corretamente.
Concluindo, embora os testes de personalidade aprovados para uso profissional sejam comprovadamente ferramentas úteis para apreender e compreender as características de personalidade em diferentes contextos, é importante estabelecer com clareza a finalidade do seu uso, e de que maneira poderão contribuir para tomar decisões com melhor embasamento, favorecer a colaboração e melhorar a comunicação entre os colaboradores, visando a identificar e/ou prevenir potenciais conflitos interpessoais, áreas de maior afinidade, e planejar, proativamente, ações preventivas e corretivas.
A escolha do instrumento mais adequado cabe ao profissional de Psicologia, e não ao gestor sem formação na área. A responsabilidade é grande, exigindo, portanto, compromisso com a qualidade do serviço prestado, além do senso ético.
I appreciate your clarifying article Giselle. In my opinion you managed to be objective in your writing (thinking of your strong relation to HG), so the reader can make good conclusions concerning personality tests.
ResponderExcluirMy very, very brief summary of your text is that the HumanGuide test is a validated magnifying glass for people's personality. compared to most other tests.