A PERSONALIDADE MUDA COM O TEMPO?

 

A Estabilidade da Personalidade em Tempos de Mudança:

Um Estudo de Caso sobre a Confiabilidade do Teste HumanGuide

O estudo da personalidade humana sempre intrigou cientistas e leigos, especialmente quando se trata de entender como os traços de personalidade podem permanecer consistentes ao longo do tempo, mesmo diante de eventos significativos. A personalidade é frequentemente vista como uma constelação de traços relativamente estáveis ao longo da vida de um indivíduo e é  fundamental não apenas para compreender comportamentos e reações em diferentes contextos, mas também para prever como uma pessoa pode evoluir em sua carreira e vida pessoal. O teste HumanGuide se destaca nesse cenário, oferecendo uma abordagem robusta para avaliar fatores estruturantes da personalidade. Mas o que torna esse teste realmente confiável? E como ele pode ser uma ferramenta valiosa para prever e planejar o desenvolvimento pessoal e profissional de um indivíduo?

O caso de Adriana, um nome fictício para uma pessoa real formada em Administração de Empresas com vasta experiência em Desenvolvimento Humano e Organizacional (DHO), ilustra bem essa questão. Adriana passou por mudanças significativas em sua vida ao longo de uma década, incluindo transições de emprego, divórcio e o desafio de equilibrar o trabalho remoto com as responsabilidades familiares durante a pandemia. Apesar dessas circunstâncias, os resultados do HumanGuide mostraram uma notável consistência em seus traços de personalidade, avaliados em 2012, aos 48 anos, e 2022, aos 58 anos. Essa estabilidade é especialmente interessante quando consideramos a natureza dinâmica dos eventos que ela enfrentou.

Utilizamos o método de teste-reteste para medir a confiabilidade temporal de seus resultados no HumanGuide. Embora esse método enfrente desafios, especialmente em intervalos longos, ele é crucial para demonstrar a validade de um teste de personalidade ao longo do tempo. No caso de Adriana, o coeficiente de correlação de Pearson foi de aproximadamente 91,4%, indicando uma forte correlação positiva entre os resultados dos dois períodos. Esse resultado sugere que, apesar das mudanças na vida de Adriana, seus traços fundamentais permaneceram consistentes, como pode ser observado no perfil analítico e, principalmente, no perfil sintético.

A consistência dos resultados é ilustrada por um gráfico de barras que compara os principais traços de personalidade de Adriana nos dois momentos. Nele podemos observar mais claramente algumas mudanças sutis: uma acentuação do fator Força, a diminuição da expressão do Fator Qualidade, e uma elevação do fator Contatos. Essas variações refletem suas adaptações aos desafios que enfrentou, como a necessidade de maior organização e criatividade durante a pandemia. Tais eventos poderiam ter alterado suas respostas, mas os perfis de personalidade de Adriana, conforme avaliados pelo HumanGuide, permaneceram notavelmente consistentes.

Agora vamos analisar as mudanças fator por fator. Sensibilidade: Adriana sempre foi descrita como sensível e empática, características que permaneceram durante a pandemia, quando a necessidade de compreender e apoiar seu filho adolescente em um ambiente doméstico se tornou crucial. Sua capacidade de captar sentimentos e necessidades dos outros pode ter sido ainda mais aguçada, refletindo uma adaptação às demandas emocionais de sua nova realidade.

Força: A determinação e a resiliência de Adriana podem ter sido postas à prova durante seu divórcio e as frequentes mudanças de emprego. Esses eventos podem ter fortalecido sua capacidade de superar obstáculos, embora também possam ter gerado momentos de vulnerabilidade, onde sua força interna foi essencial para enfrentar os desafios.

Qualidade: O compromisso de Adriana com a excelência pode ter sido desafiado pelas circunstâncias caóticas da pandemia e a adaptação ao trabalho remoto. A necessidade de equilibrar responsabilidades profissionais e pessoais pode ter levado a uma reavaliação de padrões de qualidade, priorizando eficácia sobre perfeição em alguns casos.

Exposição: Trabalhar de casa pode ter reduzido as oportunidades de Adriana para se expor e comunicar em ambientes tradicionais de trabalho e reforçado sua tendência à discrição. No entanto, isso também pode ter incentivado o desenvolvimento de novas formas de comunicação virtual, adaptando sua disposição para buscar ativamente o contato com pessoas, impactando nos fatores Força e Contatos, que aumentaram levemente, embora tenham permanecido ambivalentes. 

Estrutura: A organização e o planejamento tornaram-se ainda mais críticos quando Adriana teve que gerenciar seu tempo entre o trabalho remoto e as necessidades de seu filho. Isso pode ter levado a uma maior organização de sua estrutura diária.

Imaginação: A necessidade de encontrar novas soluções para problemas domésticos e profissionais pode ter estimulado a criatividade de Adriana. A pandemia, em particular, exige abordagens inovadoras para manter a produtividade e o bem-estar familiar, além de maior flexibilidade para lidar com a incerteza.

Estabilidade: As mudanças frequentes e o contexto incerto não impactaram Adriana, que apresenta afinidade com cenários de mudança e aprecia objetivos de curto prazo. Entretanto, aparece uma maior necessidade de segurança (expressão típica), contrabalançada pela sua falta de afinidade com a rotina e atividades repetitivas e previsíveis. Embora tenha configurado ambivalência, observa-se possível tendência nesse sentido.

Contatos: A sociabilidade de Adriana pode ter sido impactada pelo isolamento social imposto pela pandemia. No entanto, isso também pode ter levado a uma busca ativa de contato com as pessoas, quando adotou uma atitude de escuta mais ativa (Sensibilidade e Força). 

Os eventos significativos na vida de Adriana, como mudanças de emprego, divórcio, e a pandemia, certamente influenciaram a expressão de seus traços de personalidade. No entanto, a essência de suas características, como Sensibilidade, Qualidade e Imaginação, permaneceu consistente, demonstrando a robustez dos traços avaliados pelo HumanGuide. Essa consistência, apesar das adaptações necessárias, demonstra a importância de considerar a personalidade como uma base estável que pode guiar o desenvolvimento pessoal e profissional, mesmo em tempos de adversidade.

Este caso exemplifica como o teste HumanGuide pode ser uma ferramenta poderosa para entender a personalidade ao longo do tempo. Ele não apenas confirma a estabilidade dos traços fundamentais, mas também destaca a capacidade humana de adaptação e crescimento diante de desafios. Assim, o HumanGuide se apresenta não apenas como um teste de personalidade, mas como um aliado no desenvolvimento contínuo nos contextos pessoal e profissional.